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Pra frente Brasil


A educação está falida!
Não é um direito pra muita gente
Existem escolas, mas não há estrutura
Existem professores,
poucos contentes.
Desviam verbas direto
Mas não há nada concreto
Espere... 2014 será diferente!

A saúde deitada na maca
Prejudicando muita gente
Morre idoso, menino e mulher
A saúde está mesmo doente
É dengue, AIDS, malária,
Gripe suína e aviária
Espere... 2014 será diferente!

O transporte, transporta medo
De cair dos céus, de sofrer acidente
O transporte do povo é apertado
Lotado, precário e demente
É um pina-pina no metrô
Crise de vôo e de controlador
Espere... 2014 será diferente!

Fome, um país todo com fome!
Um país todo carente
Um país rico... Riqueza de poucos.
Riqueza na mão de gente indecente
Mesmo assim povo vibrante
Bravo, heróico e retumbante
Espere... 2014 será diferente!

A violência me faz refém
Me faz das grades um dependente
A população presa dentro de seus lares
O Brasil não era independente?
Mas depende da ordem dos traficantes
Somos governados por assaltantes
Espere... 2014 será diferente!

O povo grita: 2014 será diferente?
É uma nova armada a favor da paz mundial?
Uma ajuda de investidores estrangeiros?
Uma sacada do governo federal?
Solução para tudo?
Isso é um absurdo!
Ou uma piada sensacional.

Não é a tropa de elite
Nem uma arma da NAZA
Não é o super-homem
Nem mesmo tem asa!
Acredite é verdade
Não é mais uma maldade
Verá mudanças sem sair de casa.

Sei que você pobre, miserável,
Lascado e oprimido...
Pode ficar contente!
Tenha fé, a esperança morre por ultimo
Espere pelo que vem pela frente.
Não é um produto Tabajara
É melhor que viajar de pau de arara
Espere, em 2014 tudo será diferente!
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Já nem gorjeiam


Aqui na mesma terra
Onde canta o sabiá
Quem rompe agora o silêncio
É o medo riscando o ar

As aves já nem gorjeiam
Mudas vozes a gritar
A tinta agora extraída
Rubro sangue a se espalhar

Dão novo tom ao cenário
Numa terra sem senhor
Altos gritos de horror

Um triste canto contrário
Obra de um rei ordinário
Que lucra com a nossa dor
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Sobre poeira leve



Certo dia os olhos que beijara tanto
Miraram seus próprios caminhos
E partiram.

Segui uma e outra marca perfeita
De pés tortos
Riscados no chão
Sobre poeira leve
E desisti...

O vento varreu seu rastro
O tempo ocultou a lembrança
E o que era caminho certo
Virou distorção!

Segui no sentido oposto
Disposto a não seguir pegadas!

Quem sabe no movimento de rotação
Não esteja escondendo o destino
O nosso futuro debaixo de sete palmos de terra
Para que num dia qualquer
Em que o sol acorde sorrindo
Ele venha novamente fazer sentido?

E simplesmente, num encontro repentino
À beira mar, brisa leve no rosto,
Voltaremos a falar do mesmo amor
Que um dia me ensinou
O verdadeiro significado
Da Eternidade.
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Pulsa em guerra


Mesmo no silêncio da noite
Embebido em céu estrelado
Num canto embriagado...
- O esquecido coração ainda pulsa,
Num ritmo torpe.

Triste sentimento de esperança
Neste caso, poderia ser o primeiro a morrer
Levando junto qualquer sonho que tenha Você
E a felicidade, unidos em um mesmo verso.

Quantas vezes ainda direi adeus
E chorarei em velórios seus
E me enganarei com ligeiros dias de paz
Pulsando no peito um coração em guerra?

Não queria morte tão lenta pra você!

As máscaras de algoz não se adéquam ao meu rosto
E mesmo as vestindo
A cada açoite cravo
Também em minhas costas um novo corte
E em minha alma uma nova cicatriz.
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Canção do vento


O vento sopra à janela
Anuncia fria madrugada
Em melodia chorosa
Mais uma vez
Tal qual alma penada
Vaga o sonho acordado
Perdido no mundo dos vivos.
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Nas nuvens



Desde que asas criei
É teu sopro em brisa mansa
Que me faz flutuar.

Tão mensageiro quanto
Qualquer sonho meu
São versos soltos no ar.

Que me fazem pescar estrelas
Num céu bem longe
Mergulhar em pensamento.

Em doces carinhos
Teu sopro espalha pro mundo
O meu sentimento.

Que desenha em nuvens
Mais um passageiro
Eterno momento.
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Sonhei com você


18/06/2010

Sonhei com você
Não espere felizes versos
Impressos em um título
Aparentemente bonitinho.

Existem poetas cantando horrores
Pelo mundo a fora
E alguns dias do calendário
Piores que os demais.

Hoje é um deles.
SONHEI COM VOCÊ!

Em tempos atrás
Estaria exibindo um largo
Sorriso no rosto
E esse nono verso
Soaria como o início de um belo poema.

Estaria eu a ligar bem cedinho
Para ouvir teu carinho
Brindar o meu sol
Num doce “EU TE AMO”
Apostado meu dia

E que dia...

À tardinha estaríamos juntos
Trocando as infindáveis juras de amor
Planejando o futuro
que visto daqui tinha os exatos traços
Imperfeitos da felicidade.

Casa, vida longa, volta ao mundo,
Filhos lindos de narizes tortos...
Os narizes tortos eram a minha pitada de humor
Na nossa previsão de um futuro lindo.

Nem tudo é perfeito meu amor!

E agora estou aqui
a escrever esses tristes
Versos inversos e sem sentido
Lamentando um sonho bom
Que a noite me deu
E o dia me tomou...
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Presente passado



Abri páginas antigas da minha história
e reli parte do passado
ainda quentes letras tatuadas no papel.

Parecia ter saído ainda a pouco
a perfumada tinta da pena
lembrança forte do que a mão esculpiu.

Toquei aquelas páginas
e traí parte do presente
reli com tanta intensidade,
tanta vontade...
que parecia ser mais real
que a própria realidade.

Ao tocar as páginas
senti perfumes e texturas,
Relembrei emoções e sensações,
encarei desejos...

Tudo na releitura acidental
daquele passado distante
que se fez mais vivo,
mais intenso
que o próprio presente.
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ESMOLA




Não desviem o olhar
Enquanto o meu procura a atenção
Em teus olhos fujões
Que insistem em não olhar pra mim

Uma esmola pelo amor Deus!

Eu poderia estar me prostituindo,
Roubando e matando,
Mas estou pedindo!

Pedindo abraço, olhar, carinho
Afeto, compaixão...

ESMOLA!
Pra sustentar a esperança
De um futuro diferente
Da oportunidade prometida
Que a gravidade ainda não esmagou...

Uma esmola pelo amor Deus!
Eu poderia estar me prostituindo,
Roubando e matando,
Mas estou pedindo!

Pedindo a SUA ATENÇÃO!
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Prioridade.


Estou doente. Quem diria! Minha doença é grave e corro sério risco de vida, digo, de morte.
Puseram-me numa fila e não me deram prioridade, apesar de não aparentar, tenho bem mais de sessenta anos. Mas de onde eu seria se estivesse isenta das filas, afinal não sou canadense, européia ou qualquer outra coisa, sou brasileira. E como todo legítimo brasileiro também estou numa fila. As filas passaram a ser cartões postais do Brasil há anos e eu não poderia estar de fora. Mas não estou aqui para reclamar das filas. Quero falar de prioridade.
Estudam a minha doença já faz algum tempo e tenho certeza que se eu perguntar a qualquer um aqui sobre um tratamento eficaz, ou pelo menos algo que alivie os meus sintomas, todos saberiam de alguma receita. Mas você aí pode baixar o braço, vamos, baixe logo! Não me venha com mais uma receitinha caseira qualquer. Estou cansada de alimentar falsas esperanças, de pitaquinhos desacompanhados de ação, de soluções serem engavetadas todos os anos. Então trate logo de ficar quietinho e prestar mais atenção no que estou falando.
Meus sintomas pioram a cada ano, falta apoio às pesquisas, as verbas para tratar meus males desapareceram, faltam pessoas especializadas e capacitadas para cuidar de mim, começaram a faltar os remédios, meu corpo dói todo da ponta do dedo até o último fio de cabelo. Não estou reclamando e até agradeço por ainda ter cabelo, pois não sei até quando eles continuarão grudados ao meu couro cabeludo. Hoje, tenho problema cardíaco, pulmonar, ócio... tenho faringite, labinritite, sinusite, esofagite e outros milhões de “INTES” precisando de tratamentos urgentes, fora os cânceres que se multiplicam diariamente e não se tem equipamentos suficientes para tratá-los. Meu problema é generalizado!
Todo dia surge uma doença nova e ninguém consegue se preparar direito nem para as que já existiam. Estou precisando de cuidados. É dengue, AIDS, malária, gripe aviária, gripe suína, doença da vaca-louca e outros mil animais me deixando maluca diariamente.
Apesar de dizer em toda consulta que “encontrar a cura para a meu mal é prioridade” estou aqui esquecida no final da fila tentando permanecer em atividade na esperança de um dia poder ser assistida com dignidade e respeito, afinal muitos ainda dependem de mim. Não podemos continuar perdendo na fila outros sonhos, outras histórias, outras vidas... Tenho que ser tratada com prioridade. Mais ação, menos promessa!
Ah! Quase esqueço de me apresentar. Que falta de educação. Onde estou com a cabeça? Prazer, meu nome é Saúde.



Ps: Mais uma prosa nesse mar de versos. Essa não é nada poética, mas ta valendo!
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