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Entre tic-tac’s e bip’s

Tanto tempo de glória perdido
Na memória, na história,
No próprio tempo
Um tempo veloz que esvazia
Num tic-tac infernal
Entre bip’s programados
De um tempo que escraviza
E acorrenta num ciclo
De desperta programado
E dorme atrasado
Num dia que já não cabe em 24h
Escrevendo esses versos
- Vejam só
Depois de reler notei que presente
Se desfaz tão rápido quanto
A imaginação acusa o passado
Escrevo (ia) e enquanto
Construo (ia) cada verso
Presente... o mesmo verso
Que vos cito(ei) verso acima
Já é passado, simplesmente
Passado...

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No dia em que nasceu o Amor

No dia em que nasceu o Amor
Tudo parecia perdido
Esquecido num olhar vago
De quem perdeu a alma
E na palma da mão pensou
Em esmagar o futuro

Inseguro e acuado
Aquele sentimento Presente
Depois de ameaçado
Tentou se esconder ligeiro
Por traz de uma lágrima
Que escorreu na quina de um olhar
Apaixonado

E Aquela lágrima
Desvendou tudo!

Foi o Exato momento
Em que sentimos o mundo e o seu sentido
Postar-se no rosto
Escorrido direto da alma
E com calma,
O Amor se apresentou como mundo
E o mundo todo era Você
E Você o próprio Amor.
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O que doce escrevi

Quando perdido estou em um e outro pensamento
Sinto num momento a doçura de uma vida inteira
E aquela dor primeira
Que escorre numa quina de olhar
Também faz suspirar
Um eu que nasceu em terra estrangeira
Desenho pensamentos soltos num lenço de papel
Com pena firma melado em potes de mel
E depois repenso a mágoa que doce escrevi
Por uma quina de olhar vi e vivi
E por outra quina de olhar chorei
Mas tristeza e lamento ao vento lanço
E não me canso de me perder no tempo
Perdi muito tempo ao viver adormecido
Confiando deveras estar acordado
E assim resolvi ter ao meu lado
Um verso escrito com pena e mel
Um avuado pensamento adocicado:
Que seja escrito no Papel um verso doce
Mesmo pra aquele sentimento amargurado





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Depois de era uma vez


Era uma vez quando você me amava,
quando sentia teu perfume,
antecipava teus desejos,
e sabia a que distância estava o teu coração
mesmo quando distante dos meus olhos.

Era uma vez quando eu também te amei,
e desvendei o mundo em seu olhar,
e conversei com o seu coração
da nossa maneira universal de se conversar,
e você me confortou
mais que qualquer colo que pudesse existir
que eu pudesse encontrar.

Era uma vez em que nós nos amávamos,
quando os passados eram misturados com tanta perfeição
que pareciam uma só lembrança de nós,
desenhávamos o futuro em nuvens
totalmente diferente do que o futuro
nos deu de Presente.

Era uma vez, agora mais atual do que nunca,
em que o nosso amor, ou a lembrança Dele,
é tão turva, neblinada e torpe que eu não lembro
que peso tinha o toque das tuas mãos,
Quão confortável eram teus abraços,
nem que traços tinha o teu rosto
ou qualquer outra expressão
que o teu corpo desenhava em resposta ao meu.

Ainda bate aí dentro Aquele mesmo CORAÇÃO?
Acredito que não! Talvez tenham transplantado
aquele sentimento antigo enquanto perdida
meio ao ERA UMA VEZ DE ANTES
E o ERA UMA VEZ DE HOJE
está esta história que nem EU mesmo,
o próprio escritor, sei se um dia
foi mesmo uma vez ou não...

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Não penso em beber da mesma fonte

Não penso em beber da mesma fonte
Nem se possível mergulhar no mesmo rio
E com frio gemer o mesmo nome
Não penso em roubar a mesma estrela
Desenhar em nuvens aquele sonho
Suponho que o coração tenha outra fome

Não me impressionam as pedras raras
Nem morro a margem de amor impossível
Quando visível é a raridade do próprio sentimento

Não vejo graça na perfeição
Nem nos versos friamente coloridos
Quando sentidos imperfeitos me tornam mais humano
Não vejo nenhuma firmeza em nó
Depois de ter esculpido o primeiro laço
Ligar sentimento por embaraço seria um triste engano

Meu plano de pintar novos versos
Inversos aos antigos escritos
Pode até não ser infalível
Mas “impossível” apaguei do dicionário
Quando escolhi preparar o cenário
Com as minhas próprias mãos
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