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Eram bonitos juntos


Eram bonitos juntos
Os sonhos
Os planos
O desejo de eternidade
A velha dor de saudade
Mesmo na fração de hora
Em que se encontravam separados
Separados não!
Os corações nunca se distanciaram
O suficiente ao ponto
De qualquer poeta poder
Transcrever em versos
Seu distanciamento
Eram bonitos juntos
O toque
O olhar
O sentimento raro lapidado
Minuto a minuto de cada dia
Desde a primeira vez em que
Seus olhos cruzaram
Numa tarde rubra de fevereiro
Uma harmonia estranha
Totalmente secreta
Que nem o mais visionário poeta
Poderia fielmente transcrever.
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O doce nome de um capítulo


Palavras doces palavras
Há muito não ouvia mencionar o poeta.

O boêmio entregue ao seu ofício
Era forte candidato a protagonista
Da minha história

E na memória,
Perdida estava a alma bonita
Vagando entre uma ilusão e outra

- Você é lindo poeta!
Aquilo me fez ganhar o dia,
Não, não...
Ganhar o dia, a noite, o tempo...

E no momento também ganhei
O nome do doce capítulo
“Você é lindo poeta”

Aquela frase em alerta ecoava
Dançava, voava em meus ouvidos
Vividos ao ponto de pensar
Não se surpreender com mais nenhuma nota

(- engano meu, é claro que era engano meu!)

Cansado do boêmio perdido e conflitante
Ser chamado de poeta
Era o esperado instante em que eu
Voltava a mim pelas doces palavras Dela...

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A maldição de quem ama

Nada daquele sentimento foi o suficiente
Apesar de não ter sido em vão
Encaro os teus olhos
(Perdidos caminhos marejados)
Da mesma forma que encaro a escuridão

Nada daquele sentimento foi o suficiente
Apesar de não lembrar bem que desenho tem teu sorriso
Nem quão puxados eram teus olhos
(e eram puxados, eu garanto!)
Não guardo nenhum traço preciso

Nada daquele sentimento foi suficiente
Apesar da tua imagem envolta em bruma
O coração mesmo cego é imune a amnésia
E preserva cada sensação e emoção
Mesmo que Tua imagem da lembrança suma

Nada daquele sentimento foi suficiente
Mas cada pedaço de eternidade ainda inflama
(bem que poderiam se apagar meio ao nevoeiro)
Mas a saudade insiste em lembrar Você
A saudade sempre será a maldição de quem ama.
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Flor, Bela e branca


O tempo inteiro
Cantava a opacidade dos seus dias
Nunca teve muitos amigos
Nunca teve alguém que amasse
Quando aprendeu a ser Só
(- Poderia não ter o feito!)
A Flor, Bela e branca,
Aprendeu também a andar
De mãos dadas com a solidão
(- A solidão se fez companheira!)
E em sua brancura a pureza se perdeu
E a beleza foi velada
Numa madrugada de outono
Junto à derradeira
Amarelada folha do Sobreiro.
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Em triste história ancorado


As brumas abriram-se
Mergulhei num sonho pesado
Em triste história fui ancorado
Aprisionado até que findasse o conto
Em um e outro ponto marcou o futuro
Mandou-me de volta um tanto inseguro
Depois de um gélido e afiado corte
Um amargo beijo pêsames
Maldisse a minha sorte.
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