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Num frio quente saudade

Hoje soprou saudade
E em tarde quente fria brisa vazia
Encheu o quarto, a cama, o lado,
Os olhos, o peito...
Quis me esconder entre
Um travesseiro velho
E um cobertor surrado
Mais ou manos com a tua idade
Você descansou a cabeça neles
Um certo dia passado reclamando calor
Mas não pedia pra sair quando assim
Propus a solução do problema
Dilema é olhar pro lado e esmurrar o destino
Sabendo que escreve torto, errado...
E cada vez mais distante
Num frio quente fazio
Não poder fazer muita coisa
Além de lembrar
E deixar o frio ir-se
Enquanto o peito aquece mais uma vez
Esquecendo tudo entre uma anestesia
E um gole de tempo em movimento...
0

Mais uma visita aos sonhos

Carregado por pássaros
Invadi o mundo dos sonhos
Mais uma vez acordado

Nuvem, tapete, algodão
Doce e não doce
Se fosse real não seria tanto

O céu de olhos esbugalhados
E sorriso largo me encarou
Parou o tempo
Parou o tempo pra mim
Num tempo um tanto nublado
Coitado de quem não levou guarda chuvas

Visitei meu castelo
Feito de pedras que colhi no caminho
Enfeitado de rosas e pensamentos
Cada momento Daqueles tem um quadro,
Uma escultura, um rabisco qualquer
Na parede...

Gosto de arte,
De pizza e de vinho
Sozinho, gosto de poema,
De dilema, de lembrança
E de saudade

Toda vez que visito um sonho
Beijo uma realidade
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Tema

Sonhos,
Estrelas,
Tempo,
Momento...
Em cena
Uma aquarela de sentimentos
E um poema.
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Conectado

Encarei teus olhos
Teu sorriso, tua expressão
Mas não ouço uma só batida
Do teu coração
O tempo é mesmo soberano
Tinge o passado
Num embaçado tom marrom
Numa página de internet
Inerte sorriso construído
Já teve um significado
Já representou o mundo inteiro
Mas rasteiro o sentimento
Foi sumindo... sumindo.
Hoje não me ferem os olhos
O brilho do teu olhar
Congelado em pixels
Decorando tópicos
Com frases lindas
Frases antes sussurradas
Em minha direção
Agora frases forasteiras
Essa conexão (in)segura
Tornou-se a única
Maneira me conectar ao passado
Sem que me falte firmeza
Nas pernas.
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Pena pluma espuma

Voa pena pluma espuma
Âncora alteres
Braço corrente
Bolha bruma
Chão.

Voa pluma plena branca
Ferro ferragem ferrugem
Bola presa
Arrasta perna
Lição

Manca
Esfumaçada fé espanca
Cega amolada
Cerra tranca
Escuridão

Pinta rubra
Grito gemido
Pedido perdido
Sufocado peito arranca
Mundo cão!
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Perdeu a cor

Perderam o brilho
Teus olhos Poeta
Perdeu o olhar
Teu rosto
Perdeu o gosto
Tua boca
Teus lábios
Perderam a cor

Dói muito essa dor
Que o teu olhar entrega?

Pega uma
Uma não!
Pega um buque de flor
Pega também essa dor
E joga longe
Num rio qualquer
Que leve também esse poema

Qual o problema
Com a tua mão?
Isso, a mão direita
Levou ao coração ligeiro

Ah! É aí que dói?
- O tempo inteiro.
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Vai passar

Vai passar...
Passar o quê?
Passar o tempo
Enquanto passa a vida?
E enquanto não passa?
E enquanto se passa
O que eu faço com o tempo
O que eu faço
Com o momento que o tempo
Resolveu não passar?
Engasgado tão quanto o conselho
Está o problema
E o poema
Completamente sem ar
Mas vai...
Vai o que?
Vai passar!
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Balada do desejo

Dedilhei uma bela canção
Sem ouvir uma só nota
Dancei de perna bamba um samba com a morena
Cambota, desfilei em passarelas de Paris
Meti o nariz onde não fui chamado
Pobre coitado babou num doce
Vencido o tempo inteiro
Pelo mal do diabetes
Mascar chicletes sem dentadura?
Vida dura é a do cão em porta de padaria
Em agonia funda desejando cada parte sua
Enquanto nua a cara da risada do destino
Um menino morto
Deseja estar de pé
Deseja estar vivo
Deseja... deseja muito
Mesmo vergonhosamente
Em posição de pé junto
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Tempo que não se tem

Há tempos
Tanto tempo não se tem
Tem tanto pranto
No tempo
Tem trampo, tem barranco,
Tem espanto
Com o tempo
Que não se tem
Tem canto brando
De bandoleiros vestindo branco
Brumada voz ecoando
No vento, nada isento, do tempo
Do tempo que não se tem
A voz voando viva
Já sem tempo de viver falando
Quando acorda na matina
Despertando vem o tempo
Gritando
O tempo que não se tem
Voa viva a voz veloz
Nada aveludada que vem
Do tempo...
Que tempo?
Do tempo que não se tem.
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Grita o tempo

Quem dá bom dia
É o tempo
Grita que é hora
Passa-me a agenda
Acho que por telepatia
Goela abaixo me enfia
Inversamente à energia
Mais trabalho, tarefa, labor
Cada vez afogado em menos tempo
Numa aguda dor de juízo
Vencer as horas de exercício,
A faculdade, o inglês, o espanhol
O próprio português
A aula de violão,
A aparência,
A paciência, o barulho,
O silêncio,
O ar, a falta dele, a explosão
O tédio, o vazio e o coração
Suportar a companhia
E ausência de uma
Suportar o dia, a tarde, a noite
Sem respirar a vida
Sem olhar à janela
A paisagem que a natureza pintou
Amanhã pela manhã, eu juro:
Parto o tempo ao meio
Parto o tempo ao meio dia
Parto tempo em tempo
O tempo que me espere
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Meu próprio mito I


Passamos anos a olhar pro céu
Querendo encontrar
O sonho perdido
O elo desfeito

E a cada estrela o mesmo pedido
Era feito:

-Traz o amor aqui!

Não tem tanto espaço pra solidão
Num mesmo peito

Foram anos sonhando com
A realidade de estar completo
Estar mesmo perto
De alguém que nunca vi
E mesmo assim me afoga em saudade
Porque senti

Senti, talvez, desde a primeira vez
Em que pus os olhos na lua
E na rua caminhei sem destino
Esperando o Mesmo
Me regalar um encontro

O ponto final da minha busca
Era você, essa era a minha certeza,
Mesmo que isso durasse uma, duas ou
Três vidas
Mas você surgiu muito antes do esperado

Sorriu em fim,
À beira mar,
Pela primeira vez

E meu coração não coube em mim
Sim! Era a outra metade
A magia de um mundo todo
Entregue ao seu olhar
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Meu próprio mito II


Não me faltava uma só migalha
Desde então
Era inteiro, forte, pleno...
Tudo fazia sentido mergulhado
Naquele sereno olhar

As lendas, as canções,
Os mais lapidados poemas
Estavam certos em seus temas

- Mito não é mentira!

A outra metade é um fato
Agora a minha verdade
Não só cantada pelos versos
De um poeta
E filósofo genial

Tive bem perto de mim
De forma sem igual
A minha alma gêmea
E ao mesmo passo em que
Platão extinguiu a poesia
De sua República
Criou o mito mais poético do universo

O inverso de mim que me completava
Eu encontrei na mesma velocidade
Com que perdi

Hoje o inteiro
Mais uma vez
É pedaço
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Meu próprio mito III


Enganaram-se os deuses
Sou a prova viva
É certo que hoje nem tão viva assim
Apesar do fim
Hoje posso descrever o sabor
De ser um só
O amor me saciou por completo
O próprio ato
Muito além de um simples toque
De desejo
É o gozo pleno de se estar vivo
Decisivo momento em que
Escolho corajosamente
Ser dois em um somente
Entregue de corpo, alma e mente
A uma fusão

( -Que não escondo em meus versos)

Trazer o significado da vida
Vago então em uma e outra avenida
Em nome do reencontro

Pior que nunca ter descoberto aquele ponto
É tê-lo visto, sentindo de perto e vivido
E agora ter que cantar o mundo
Num sentido incompleto
Numa saudade sem fim
0

Verso veloz

Veloz, violou o veneno,
O vinho e a virgindade
Violou a vez, o verso
Sem voz
Viu a vida velada
Ser violada.
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5.1 ultrapassada


Revejo as fotografias desfocadas
E os vídeos sorridentes
De uma 5.1
Hoje ultrapassada

Em resoluções fracas
E tracejadas
Pixel a pixel o passado
Mostra-se presente

Ausente,
Só Aquele marejado par de olhos
Que brilhava enquanto fitava
Junto aos meus
Cada arquivo posto à vista

Não tem mais tanta graça
Cultivar tralhas passadas

Não tem mais espaço
Posto que Aquele laço real
Se desfez por completo

É apenas mais um encaixotado
A contar histórias
Que a própria memória
Não consegue processar.
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Pobre coração poeta


Pobre coração poeta
Largado nas esquinas a cuspir versos
Pra lua,
Nas quinas de olhares lágrimas de todas as cores
Pesos, formas e dores
Tocando o chão e pedindo céu
Ao som distante de um bandolim
Falastrão... que canta pras estrelas
Ouça a canção em seu peito
De direito tem o seu instante de autocomiseração
Deve ser grande a falta que tem o poeta
Não parou um só instante de recitar saudade
Vai pegar carona na próxima brisa
Se brisa resolver aparecer
Cantou também igualmente ao bandolim
Um mês perdido no ano
Acho que foi Setembro se não me engano
Pobre coração
Está mais perdido que qualquer
Verso louco que eu ou ele tenha um dia cantado
Pobre coitado é o coração poeta
Largado nas esquinas a cuspir versos
Pra Lua e aparar com a cara.
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Nem mesmo o tempo

Nem mesmo o tempo
Posto que não sabemos o que fazer dele
Pode extinguir do peito
Um amor que ali viveu

Amores não morrem!

Não se culpe e não se esforce
Numa tentativa em vão

Querer enterrar um amor
Que habitou um coração
É querer atacar de mãos despidas
A ponta afiada de uma espada

Amores congelam,
Turvam e embaçam,
Mas morrer mesmo
De morte morrida
O amor não morre

Tem espaço em um coração
Reservado pra mil amores
Mesmo querendo pra sempre
Um mesmo amor cultivar

Podem ser, esses amores ingratos,
Esquecidos no mais profundo canto do peito
Pra que um novo amor intenso
Tenha também o seu espaço

E mesmo querendo encontrar
Um amor pra vida inteira
Não é matando a minha maneira
De me livrar de um pedaço

Alimento pouco o passado
E o hoje eu abraço

Pra surgir um lindo laço
É preciso confortar o presente

E aquele amor ausente
Vai saber o seu lugar

Ponho ingrato o amor em seu canto
O canto que lhes é de direito
Que seja envolto em esquecimento
E mal alimentado o infeliz
E nesse fraco momento
O antigo amor murchará

Lembrarei de mil eternidades
Mas amor mesmo de verdade
É esse que deita em meu colo
Em verbos conjugados no presente
Sorri o sorriso mais lindo
Pleno, leal e inteiro
Não tendo motivo mais verdadeiro
Para a um novo amor me entregar.
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A Rosa e o Sol

A Rosa encarou o Sol
Que girou em volta dela
A Rosa confrontou o Sol
Grande, firme e bela

A Rosa disse ao Sol
Que não queria confusão
Queria outro lugar
De Rosa em uma canção

O Sol disse que Não
Que a Rosa aceitasse o papel
De bela rosa num jardim
Enquanto ele ocupava o céu

O Sol se surpreendeu
Quando também escutou não
- se eu quiser (Bateu o pé a Rosa)
Ocupo uma constelação

- E você quer ser estrela
Delicada Rosa miúda?
A Rosa disse que sim
- Minha vontade não é absurda

E se eu quiser ser Sol
Te prepara pra concorrência
Por que você foi menos Sol
Quando me julgou por aparência

O Sol deu espaço à Noite
E escureceu a imensidão
A Noite espaço a Rosa
Agora Rosa em uma constelação
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Pequeno verso

Sorriu pra mim
E esse pequeno grande verso
Já é, só, um poema todo
Com início, meio e fim.
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Estrela terrestre

Deixei de me apaixonar por estrelas do Céu
Apesar de lindas
E ainda me manter iludido
Mudou meu pedido
Desejo agora uma estrela da Terra
E quem pensa que o meu verso se engana
Ou mesmo meu verso erra
Por não cantar céu e mar
Não encontrou um só olhar
Como na Terra encontrei

Vinicius de Oliveira
(Imagem do filme star dust)
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Mais um escrito destinado ao tempo ou a falta dele

Na melhor das hipóteses pirei
Deixei o tempo passar olhando nuvens
Que se desfizeram na primeira oportunidade
Saudade do ultimo desenho
Numa tentativa de imitar posturas de ioga cai
E machuquei o joelho
Sangrou e eu nem parei pra limpar
Apenas deixei sangrar e sangrou
Até que parou...
Dizem que o tempo é o melhor remédio
para algumas enfermidades. Será?
Meu professor de ioga disse que não posso ser coelho
Tenho que imitar em câmera lenta as tartarugas
Em câmera lenta?
Já não andam as tartarugas assim?
E me irrita a sua lerdeza
(Não! Recomporei esse verso anterior)
"E me inveja a sua lerdeza"
Diz também o mestre que minhas rugas
Vão aparecer em breve
Se a um sono leve eu não me entregar
- Mas como andar devagar
Se tudo anda ligeiro?
O tempo inteiro rogo aos céus por mais tempo
E aquele momento ao teu lado quando noto
PASSOU...
Passou o tempo que era pra ser lento
Veloz e atroz como num recado silencioso
Me dizendo o quanto sou pequeno
O quanto sou passageiro em seu tempo
O passado engole o presente
Tão rápido quanto extraiu o sabor
De um chiclete fajuto na boca
Na melhor das hipóteses pirei
Deixei o tempo passar olhando nuvens
Que se desfizeram na primeira oportunidade
Saudade do ultimo desenho
Do tempo em que tempo não era prisão
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Entre tic-tac’s e bip’s

Tanto tempo de glória perdido
Na memória, na história,
No próprio tempo
Um tempo veloz que esvazia
Num tic-tac infernal
Entre bip’s programados
De um tempo que escraviza
E acorrenta num ciclo
De desperta programado
E dorme atrasado
Num dia que já não cabe em 24h
Escrevendo esses versos
- Vejam só
Depois de reler notei que presente
Se desfaz tão rápido quanto
A imaginação acusa o passado
Escrevo (ia) e enquanto
Construo (ia) cada verso
Presente... o mesmo verso
Que vos cito(ei) verso acima
Já é passado, simplesmente
Passado...

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No dia em que nasceu o Amor

No dia em que nasceu o Amor
Tudo parecia perdido
Esquecido num olhar vago
De quem perdeu a alma
E na palma da mão pensou
Em esmagar o futuro

Inseguro e acuado
Aquele sentimento Presente
Depois de ameaçado
Tentou se esconder ligeiro
Por traz de uma lágrima
Que escorreu na quina de um olhar
Apaixonado

E Aquela lágrima
Desvendou tudo!

Foi o Exato momento
Em que sentimos o mundo e o seu sentido
Postar-se no rosto
Escorrido direto da alma
E com calma,
O Amor se apresentou como mundo
E o mundo todo era Você
E Você o próprio Amor.
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O que doce escrevi

Quando perdido estou em um e outro pensamento
Sinto num momento a doçura de uma vida inteira
E aquela dor primeira
Que escorre numa quina de olhar
Também faz suspirar
Um eu que nasceu em terra estrangeira
Desenho pensamentos soltos num lenço de papel
Com pena firma melado em potes de mel
E depois repenso a mágoa que doce escrevi
Por uma quina de olhar vi e vivi
E por outra quina de olhar chorei
Mas tristeza e lamento ao vento lanço
E não me canso de me perder no tempo
Perdi muito tempo ao viver adormecido
Confiando deveras estar acordado
E assim resolvi ter ao meu lado
Um verso escrito com pena e mel
Um avuado pensamento adocicado:
Que seja escrito no Papel um verso doce
Mesmo pra aquele sentimento amargurado





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Depois de era uma vez


Era uma vez quando você me amava,
quando sentia teu perfume,
antecipava teus desejos,
e sabia a que distância estava o teu coração
mesmo quando distante dos meus olhos.

Era uma vez quando eu também te amei,
e desvendei o mundo em seu olhar,
e conversei com o seu coração
da nossa maneira universal de se conversar,
e você me confortou
mais que qualquer colo que pudesse existir
que eu pudesse encontrar.

Era uma vez em que nós nos amávamos,
quando os passados eram misturados com tanta perfeição
que pareciam uma só lembrança de nós,
desenhávamos o futuro em nuvens
totalmente diferente do que o futuro
nos deu de Presente.

Era uma vez, agora mais atual do que nunca,
em que o nosso amor, ou a lembrança Dele,
é tão turva, neblinada e torpe que eu não lembro
que peso tinha o toque das tuas mãos,
Quão confortável eram teus abraços,
nem que traços tinha o teu rosto
ou qualquer outra expressão
que o teu corpo desenhava em resposta ao meu.

Ainda bate aí dentro Aquele mesmo CORAÇÃO?
Acredito que não! Talvez tenham transplantado
aquele sentimento antigo enquanto perdida
meio ao ERA UMA VEZ DE ANTES
E o ERA UMA VEZ DE HOJE
está esta história que nem EU mesmo,
o próprio escritor, sei se um dia
foi mesmo uma vez ou não...

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Não penso em beber da mesma fonte

Não penso em beber da mesma fonte
Nem se possível mergulhar no mesmo rio
E com frio gemer o mesmo nome
Não penso em roubar a mesma estrela
Desenhar em nuvens aquele sonho
Suponho que o coração tenha outra fome

Não me impressionam as pedras raras
Nem morro a margem de amor impossível
Quando visível é a raridade do próprio sentimento

Não vejo graça na perfeição
Nem nos versos friamente coloridos
Quando sentidos imperfeitos me tornam mais humano
Não vejo nenhuma firmeza em nó
Depois de ter esculpido o primeiro laço
Ligar sentimento por embaraço seria um triste engano

Meu plano de pintar novos versos
Inversos aos antigos escritos
Pode até não ser infalível
Mas “impossível” apaguei do dicionário
Quando escolhi preparar o cenário
Com as minhas próprias mãos
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Sentimento em estiagem


Hoje nem a poesia me bastaria

Num dia gris não ousaria
Manchar as virgens folhas brancas
Com lágrimas quase secas
De um sentimento em estiagem

E mesmo que o poeta crie coragem
Tudo que sentia me falta
Qualquer perdido sentimento
Está tão distante, brumado a se espalhar,
Que não vale muito procurar
Mas é exato o momento
Em que eu tento te esquecer
E acabo por lembrar

E vão chegar
Novembro, Outubro e Dezembro
E se eu bem me lembro
Nenhuma esperança
Que eu possa me apegar

Tudo ainda é sem graça
E continuo querendo esquecer
Com garra, na raça
Mas tudo é confusão,
É turvo e incerto

De concreto só esse coração
Pulsando em protesto
Enquanto me testo
Querendo sim e dizendo não
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Certo sentimento incerto


Certo sentimento incerto
De concreto só o desejo
De por alguns instantes te amar

Certo sentimento incerto
Quando perto
(- e sempre estou)
Não consigo pensar

Coração indeciso, confuso.
Mas decisões corretas
Sempre foi papel da razão
Coração desses que batem
Só no peito humano
Sempre tem medo de engano,
De sofrimento e solidão.

Não é diferente o meu coração
Divido por um certo
sentimento incerto
Que te lembra muito
E justo por te lembrar tanto
E em pranto se agarrar
Cansou da incerteza,
de não te ter
E te amar

E nesse conflito aflito
O meu coração
Perdido nesse certo
sentimento incerto
Pode ser forçado
A pior forma de tortura
Que eu vejo pra nós dois
Que é te querer
E escolher te dizer não.
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O que mil cantos nunca disseram

Cala, mas como assim?
Diz numa poesia muda
O que mil cantos nunca disseram
de mim...

Diz num gesto despido o que
A mentira me escondeu
Mostra num olhar marejado
O que ninguém mostrar escolheu

O que não dizem de ti e de mim
Foi o que você dizer escolheu

E assim acabou dizendo bem mais
Que qualquer um
Em qualquer palavra
Dizer resolveu
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Neve, Rockefeller Center e Você

O sono cansou minhas pálpebras e antes que eu pudesse reagir, sono profundo. Logo eu que não gosto de perder um só minuto acordado, dormi mais cedo que o de costume. Não sou muito de sonhar, ou se sonho, não sou muito de lembrar. Raros são os sonhos que eu guardo, mas acordado, acordado eu costumo sonhar e lembrar. Convido sonhos pra viver realidade todos os dias e nessa noite Sonhei com Você. Guardei cada detalhe, esculpido pela noite, na lembrança.
Passeávamos na neve, e rolávamos juntos como rolam as crianças dos filmes de Holiwwod. Éramos os protagonistas, arremessando bolotas e trocando sorrisos, deitados na neve fazendo anjinhos, patinando no gelo e trocando olhares de mãos dadas. E como parecia confiante a tua mão segurando a minha. Ah... Lembro também de um presente, isso mesmo, um presente que ti dei quando chegamos no meio da pista de gelo.

Já disse que a pista era ao ar livre, num lindo parque em Nova York? Se não me falha a memória Rockefeller Center. Eu não gosto muito de Nova York, mas ao seu lado era o lugar mais perfeito do mundo, o lugar mais lindo... um sonho dentro de outro!Voltemos ao presente: No meio da pista de gelo eu lembrei que trazia algo no bolso, era estranho lembrar que o trazia mesmo sem saber ao certo quando e como foi parar lá, era um presente pra você. Tirei uma caixinha delicada, semelhante aquelas que guardam alianças, Você sorriu e uma brisa fria, mas agradável, soprou. Foi um sinal, foi o momento em que o mundo fez sentido. Tua pele/neve avermelhou-se e teus olhos perdidos no tempo me forçaram a perguntar o que foi. Meu vício sempre foi perguntar mesmo tendo vaga noção dos teus pensamentos.
Tirei da caixinha uma gargantilha de ouro, um pingente de cristal e um laço. Laço? Sim, um lindo laço que poderia se orgulhar de ser um laço se laços tivessem como manifestar o seu orgulho. Enfeitei os teus cabelos com Ele depois de colocar a gargantilha em volta do teu pescoço. Laços não estavam na moda, mas a moda não entende muito de sentimento e nem de pedacinhos de eternidade como entendem os poetas e os laços. Sei que a ultima coisa que vi foi o sorriso mais lindo que meus olhos, fechados, já puderam enxergar.
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Canção do poeta insano

Nada como o colo confortável da Estrela
O branco das nuvens em contrate com o céu
Um sonho insano
E um sentimento novo
Que não arreda do coração
E aquela canção que colou no pensamento
A trilha perfeita pro meu momento de Pierrô apaixonado
Pescando sonhos
Montado numa lua de mel
Sou eu um poeta na rua
Olhando pro alto
Fazendo de palco qualquer banco de praça
E a graça desse poema maluco
Sou eu caduco assoviando pro tempo
Gritando meu mais novo sentimento
Pra qualquer um que queria mesmo ouvir
Enquanto me vê sorrir
De coração exposto
E rosto completamente nú
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A minha quadrilha


Ele amava Ela
Que amava Outro
Que a amava
Ele tentou detê-lo
Ela se irritou
E fortaleceu o Outro
O Outro só a amava puramente
Ele doentemente cegamente
Ela magoou
E o Outro que sabia dançar
E sabia o sentido da dança
Dançou no salão e não na vida
Ela sentiu muito
Mas na vida não quis dançar
Aproveitou o salão
O Outro
O Amar...
Tudo pode acontecer entre o viva os noivos
E o ultimo passo.
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Sobre aquele Cristal


Vi um cristal cair
Branco, limpo, puro...
E não pude alcançá-lo
Antes que tocasse o chão
Negro, sujo, duro...

A energia do cristal
Parecia ser mais forte
Que qualquer arranhão ou corte
Que viesse o machucar

(- espero que eu esteja certo)

Anestesiado naquele lugar
Eu ainda o tentei proteger
Correr, pular, gritar...
Colocar-me entre Ele
E o mundo,
Mas foi inevitável!

Mesmo que eu o quisesse
Parado no ar mais que tudo
A gravidade é uma só para todos
Pros sábios, pros leigos
E pros tolos
Mesmo que eu tente
De mil formas voltar atrás.
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Eram bonitos juntos


Eram bonitos juntos
Os sonhos
Os planos
O desejo de eternidade
A velha dor de saudade
Mesmo na fração de hora
Em que se encontravam separados
Separados não!
Os corações nunca se distanciaram
O suficiente ao ponto
De qualquer poeta poder
Transcrever em versos
Seu distanciamento
Eram bonitos juntos
O toque
O olhar
O sentimento raro lapidado
Minuto a minuto de cada dia
Desde a primeira vez em que
Seus olhos cruzaram
Numa tarde rubra de fevereiro
Uma harmonia estranha
Totalmente secreta
Que nem o mais visionário poeta
Poderia fielmente transcrever.
0

O doce nome de um capítulo


Palavras doces palavras
Há muito não ouvia mencionar o poeta.

O boêmio entregue ao seu ofício
Era forte candidato a protagonista
Da minha história

E na memória,
Perdida estava a alma bonita
Vagando entre uma ilusão e outra

- Você é lindo poeta!
Aquilo me fez ganhar o dia,
Não, não...
Ganhar o dia, a noite, o tempo...

E no momento também ganhei
O nome do doce capítulo
“Você é lindo poeta”

Aquela frase em alerta ecoava
Dançava, voava em meus ouvidos
Vividos ao ponto de pensar
Não se surpreender com mais nenhuma nota

(- engano meu, é claro que era engano meu!)

Cansado do boêmio perdido e conflitante
Ser chamado de poeta
Era o esperado instante em que eu
Voltava a mim pelas doces palavras Dela...

TSLPVC
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A maldição de quem ama

Nada daquele sentimento foi o suficiente
Apesar de não ter sido em vão
Encaro os teus olhos
(Perdidos caminhos marejados)
Da mesma forma que encaro a escuridão

Nada daquele sentimento foi o suficiente
Apesar de não lembrar bem que desenho tem teu sorriso
Nem quão puxados eram teus olhos
(e eram puxados, eu garanto!)
Não guardo nenhum traço preciso

Nada daquele sentimento foi suficiente
Apesar da tua imagem envolta em bruma
O coração mesmo cego é imune a amnésia
E preserva cada sensação e emoção
Mesmo que Tua imagem da lembrança suma

Nada daquele sentimento foi suficiente
Mas cada pedaço de eternidade ainda inflama
(bem que poderiam se apagar meio ao nevoeiro)
Mas a saudade insiste em lembrar Você
A saudade sempre será a maldição de quem ama.
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Flor, Bela e branca


O tempo inteiro
Cantava a opacidade dos seus dias
Nunca teve muitos amigos
Nunca teve alguém que amasse
Quando aprendeu a ser Só
(- Poderia não ter o feito!)
A Flor, Bela e branca,
Aprendeu também a andar
De mãos dadas com a solidão
(- A solidão se fez companheira!)
E em sua brancura a pureza se perdeu
E a beleza foi velada
Numa madrugada de outono
Junto à derradeira
Amarelada folha do Sobreiro.
0

Em triste história ancorado


As brumas abriram-se
Mergulhei num sonho pesado
Em triste história fui ancorado
Aprisionado até que findasse o conto
Em um e outro ponto marcou o futuro
Mandou-me de volta um tanto inseguro
Depois de um gélido e afiado corte
Um amargo beijo pêsames
Maldisse a minha sorte.
0

Não me diga que acabou

Não me diga que acabou

Antes de viver um momento
Que pudesse justificar ao vento
Que tentamos antes de desistir

Pra mim tudo isso é pouco.

Solto verso em um poema rouco
E hoje o nosso dilema
É não saber se acabou

Prometi desvendar a eternidade
Depois de fazer crescer a saudade
Que esmaga o mesmo coração
Repleto de nós dois

Mas o tempo
Que nem de tempo pode ainda ser chamado
Transforma em pobre coitado
Qualquer protagonista de nossa história

Venha construir memória
Antes de tropeçar em coisa qualquer
E lágrimas longe de mim derramar

Quero poder ainda enxugar os olhos teus
Que parecem acreditar
Naquilo que a boca nega

E não mais cega
Espero que um dia enxergue o amor

Mas antes concorde comigo
Veja, não acabou.
0

Nos dias da primavera


O sentimento tumultuado de antes
É agora brisa mansa
Soprando mar brando
Aquelas mesmas mãos inquietas
Tiram merecido descanso
E meus gestos, jeito e sorriso
São a própria poesia a te admirar
Não é que minhas mãos escrevam menos
Nos dias de primavera
Que nas madrugadas de inverno
É que o restante do corpo
Também tem a sua hora de fazer poesia...

Ps: Sacamos poemas
Na primavera e no inverno
Na solidão e na companhia
Até que do coração poeta
meu corpo se separe!
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Transplantado


Tenho mãos inquietas
E o sentimento do mundo
Transplantado num coração de poeta
Que pulsa fora dos padrões
Do anestesiado peito humano
E o grande engano
Foi pensar que se suporta tudo
Sem ser por vezes esmagado.
A gravidade não tem só
A força prevista nas fórmulas
A gravidade exige muito mais
Que pernas firmes
E joelhos calejados.
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Peça a pela


Peça a peça desfiz o nosso quebra cabeças até o ponto em que a imagem ficou tão incompleta que mal me vinham lembranças da paisagem por inteiro. Retirei foto a foto dos lindos e trabalhados portas retrato que haviam se tornado mais importantes que aquelas imagens “eternizadas” em papel. Deste modo só lancei à gaveta das tralhas passadas as amareladas imagens impressas de uma Sansug 10.1 mp já quebrada e ultrapassada.
Aos poucos fui substituindo velha vida por vida nova e em alguns meses a parede ganhou um largo sorriso enquadrado numa moldura ainda mais bela que a anterior. O sorriso era muito mais valioso que qualquer coisa ao seu redor, valia mil e uma molduras. Nunca pensei na possibilidade de não mais olhar mais as paredes enfeitadas, pra ser sincero, não via a hora de ganhar um novo enfeite os quatro cantos do interior do meu quarto. E que enfeite ganhou! Mais uma obra prima esculpida diretamente pelos deuses que não mediram esforços e não economizaram em caprichos e detalhes. Narciso deve ter sido o principal autor de tal obra. Um presente divino pro mundo um real regalo pro meu coração.
O cenário já era perfeito ou trazia em seu colo as imperfeições que ainda o fazia mais excitante. Só faltava um encontro certeiro com a mais letal das armas do filho de Vênus e pronto: O mundo voltaria a fazer total sentindo e a antiga vida gravada naquele quadro em mosaico não passaria de uma lembrança distorcida na mente de um eterno apaixonável mortal.
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Pisar leve

Venho tentando domar cada sentimento afim de não te afugentar; recito versos sussurrados pros ventos que em leves brisas possam te tocar; escolho frases que maquiem meus olhos até o limite da encenação. Mas vez ou outra peco em não controlar a sensação e o coração grita tão alto das profundezas do sentimento que o corpo não consegue evitar seus movimentos involuntários.
Não sei até quando vou calcular movimentos e medir palavras. Nunca fui bom com as ciências exatas, nunca vi exatidão em matérias abstratas, mas hoje a química estranhamente perfeita que nos envolve exige cautela, raciocínio e parcial controle da situação. Pra chegar onde quero vou pisar leve, sentir o solo até escutar de perto o teu coração.
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EU VIVO ETERNIDADE A TODO MOMENTO!

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FRASE

É claro que tudo vai passar, que as feridas vão sarar, mas quero que fiquem tatuadas na pele as cicatrizes para que eu enxergue as lembranças com os olhos de quem sempre estará disposto a tentar mais uma vez por caminhos diferente!
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Hoje não é sexta feira

Hoje não é sexta feira. Não, não é! Costumo acordar em tal dia com um sol tocando o rosto assim como um beijo doce de coração apaixonado toca seu amante. Sexta feira amanheço imerso em expectativas, escolho a roupa, o perfume e toda a programação à sua maneira, mas hoje não é sexta feira.
Cada dia tem um gosto e agora não sinto seu sabor.
O calendário pode até mostrar o sexto dia da semana, mas eu juro que hoje não é esse dia. Amanheceu nublado, o mundo opaco em um tom gris e o vento sem soprar mensagens tuas denuncia um outro dia. Hoje pode até ser terça, quarta ou quinta, mas não sexta. Sexta feira não!
Normalmente esse dia começa com a sua visita em meus sonhos, e se estende com você em meus pensamentos assim como nos outros dias da semana, mas termina diferente. As últimas horas do sexto dia trazem você confortada em meus braços e hoje não será assim. Hoje, por mais que o calendário aponte o dia mais esperado da semana, sem a expectativa de você em meus olhos jamais amanhecerá uma sexta feira no céu.

Ps: TSLPVC
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A SAUDADE É A MALDIÇÃO DE QUEM AMA

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Amor quando é amor


Amor quando é amor
e é entregue ao sabor do tempo
em um simples descuido o momento
pode engolir a eternidade,
mas amor mesmo de verdade
quando acolhido uma vez no peito
não tem tempo que dê jeito
naquela dor de saudade!!

Baseado em sentimentos alheios. Esse é pro meu amigo Anderson Fernandes!
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Não são mais mãos vinicianas


Não são mais mãos vinicianas
Que tecem cada verso extraído
De um amor perdido

Quando revolvi voltar a mim
Já eu no fim, não estava lá
Nítido nas cartas das ciganas

Elas, traídas pela ironia do destino
Cravadas em unhas gritantes
Convertem eternidade em mero instante

Em antigas juras lêem blasfêmia
Em vida boêmia afoga a poesia
Ao som fúnebre de um violino.
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Eu queria ser de um tudo


Eu queria ser de um tudo: astronauta, cientista, musico, ator... sempre quis ganhar uma medalha olímpica depois da final mais eletrizante que o Brasil já viu nos jogos. Mas o tempo engole cada hora com a fome de mil leões ferozes e não da tempo de ser tudo que queremos!
Então, eu peguei meu caderno e comecei a escrever uma porção de asneiras onde eu pudesse ser o que eu quisesse... Fui a Saturno, criei fórmulas pra acabar com todo tipo de doença das mais simples as mais mortíferas, ganhei o Gremmy Latino de Musica e o Óscar algumas vezes, na verdade, o tanto de vezes que cabiam naquelas folhas em branco. E como cabiam coisas! O tempo ali era outro. Brincava de ir e vir melhor que Michael J. Fox na série De Volta para o Futuro.
Acabou que depois de alguns rabiscos roubados por uma porção de amigos sem noção comecei a Ser chamado de escritor!
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Quando você me sumiu dos olhos



Quando você me sumiu dos olhos amei nossos momentos, nossas juras de amor, nossas aventuras noturnas. Amei nossas lembranças, aquele sentimento quase instinto no peito, teu sorriso largo numa foto que eu mesmo havia tirado também amei. Ainda lembro o momento exato em que eu gritei “X” e você postou no rosto um sorriso lindo seguido de um "Vini" tão doce que senti o sabor de cada letra me tocar os ouvidos.
Amei também as histórias de nós dois ou a maneira com que ouvia das pessoas e contava, a forma como superamos cada obstáculo e os comentários soltos na voz de amigos próximos que diziam: "Que amor mais perfeito!" Também amei. Mas não esqueci de amar cada defeito, cada tristeza consolada em teu ombro e angustia dissolvida em teu colo.
Estranhamente, amei muito além do que realmente era você ou amei apenas o que você realmente representou pra mim.
Quando você me sumiu dos olhos amei aquilo que eu lembrava ser você. Amei um personagem construído a próprio punho pelo coração.

Ps: Essa dedico a Vick que foi quem me inspirou a escrever esse texto a partir de um outro que ela me mostrou!!! Vlw Vick!!!
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