3

CABELOS AO VENTO

Cercado de gente
Mais uma vez sozinho
Do outro lado da proa
Onde o vento sopra
Na direção contrária
Ofertando uma movimentação
Completamente nova
Aos meus cabelos entregues...
A luz é outra;
O olhar é outro;
A vista é outra;
O homem é outro;
Mas o coração é o mesmo.
2

PÃO PISADO E ÁGUA FRIA


Tranquei o coração em uma cela
e mesmo de lá o inquieto
incomoda...

A pão pisado e água fria
a solidão mantém no peito
Em rédea curta
qualquer sentimento que nasça.

Grande capataz
com um aparentemente perfeito plano anti-fuga
alimentado pelas más lembranças
e pelo medo...

(Dois guardas sempre em alerta!)

Que fique o coração trancado
por muito tempo
mirando pela janela o passeio do vento
levando e trazendo cada estação.
4

ILUSÓRIOS VERSOS MEUS.

Tatuado nestas mortas letras
estão sentimentos, sonhos, desejos
e de ilusória escrita do mundo impalpável
que sejam esses versos mais verdadeiros que minha vida.
espremem sorrisos, maquiam lágrimas...

Mas meus ilusórios versos não escondem nada!
Revelam-me menos em guarda... Despido...

E assim, de leviano, só o passar do tempo
um assassino nato, covarde, ligeiro
que durante toda a estação exige um ator.

Meus versos são mais verdadeiros
que qualquer atitude encenada
Talvez mais verdadeiros que eles

Apenas meus olhos, janelas da alma...

Ps: Resposta ao comentário feito no dia 10/09 na poesia INTENSA ALMA
https://www.blogger.com/comment.g?blogID=1292302245233581219&postID=9063721423222457619&isPopup=true
0

À DERIVA

Homem ao mar...

Não se debate na água
Lançado à maré a contra gosto
Um corpo indisposto
Pela vida deixou de lutar

Homem ao mar?

Submersa boa parte sua
Agora menos homem mais oceano
Não estava em seu perfeito plano
Na água se molhar

Homem ao mar!

Não encontrou no seu curso
Nenhuma ilha sequer
Nenhum tronco qualquer
Que quisesse agarrar

Homem ao mar.

Apático, inerte afundou
Sem ponto sinalizado
Foi esquecido, jogado.
Um homem sem respirar

É só um corpo ao mar...
2

INTENSA ALMA

Atacou meu anjo da guarda
Covardemente desprotegido
Encarou minha alma
E me lançou maldição
Me fez perdido no tempo
Medo... escuridão...
Quem tem a chave do peito
Não pode trazer solidão!
No colo do meu futuro
Desejo, sonho, lembrança...
E então virou passado
Furtou a esperança
Meu caos na pena se liberta
Não morri completamente
Apenas por existir em mim
A intensa alma de um poeta...
1

POEMAS TEUS

No calor das emoções escrevi poemas
E suas palavras passaram
Mais rapidamente que qualquer estação.
Seus versos amadureceram
E caíram, mas antes de tocar o chão
Esquecimento!
Nem lembrança daquele sentimento
Antes doce lindo fruto no pé.
Nem as palavras são mesmo eternas!
As palavras mudam, somem, tomam outros rumos,
Voam, assumem outras formas de pernas pro ar
De acordo com os olhos de seus amantes.
Ao final, não sou eu mais ou menos poeta.
Sou simplesmente poeta sem versos
E os versos reunidos
Simplesmente poemas teus...
2

POEMA DESPIDO


17/06/2010

Deixarei as metáforas de lado.
Não maquiarei meus sentimentos,
Não alegorizarei meus versos
Por mais que dure um só poema
Essa minha decisão.
Sinto saudade e não vou falar de brisa,
De luar, de perfumes e nem de flor...
Saudade por si só já diz tudo!
Sinto angustia e não preciso
Transcrever versos desenhando
O nó na garganta, o aperto no peito,
O peso nas costas, o dia vazio...
Pelo menos não agora!
Sinto frio... ausência do teu calor
Aqui deitada em meu colo...
E essa ilustração basta!
Ao fim deste despido poema
Transcrevo uma simples palavra
Que já diz muito além do que qualquer
Poema possa nesse momento dizer:
SOLIDÃO...
Deixo então meu sentimento de pena
Para os que jamais tiveram suas almas saudosas
E o peito vazio...
Esses não sabem o quanto é valiosa a presença!
De vocês não cobrarei desse despido poema
Compreensão!
14

Leitor da noite...

Faz-me sorrir em noites mornas.
Já não são como foram um dia,
As apáticas antigas noites.
Hoje, são disformes. Quentes...
Como foram em tempos
Não tão distantes.
Noites que surpreendem,
Noites inconstantes...
Distintas noites de olhares enfeitiçados
Mesmo eu leitor de astros e estrelas
Não consigo ler entrelinhas em você.
O que me faz ainda mais intruso!
A cada sorriso teu
Surge um leitor mais encantado
Louco pra transcrever apaixonado
A própria interpretação
Filtrada por atentos olhos ludibriados
Transcrita à pena por um coração...


Vinicius de Oliveira
2010 - Copyright © Contraditório mundo das palavras

Designed by Rafaell Soler