0

CONTRAMÃO

Contramão

Acordei deitado ao teto
E vi o chão não muito perto
Tudo inverso do que já foi
Soprei a vela e se acendeu
Vi à janela o corpo seu
Passar e nem dá bom dia
O carteiro à porta me abordou
Veio levar o que deixou
Cartas, presentes e alegria
As aves livres bicavam o chão
Angustiavam o coração
Sem canto doce solto no ar
Pra dentro todos falavam
Tortos todos se olhavam
O dia era noite
Noite era dia
Tristeza não tinha
Pingo de alegria
De baixo pra cima
Assim que chovia
Chorava à agonia
O branco era preto
O doce salgado
Andavam com as mãos
Todos desengonçados
Subindo e descendo
Era contramão
E muito atrasado
Batia o coração
E num pane completo
Na cama deitou...

Jonas Eind e Marvin Andrade

0 comentários:

2010 - Copyright © Contraditório mundo das palavras

Designed by Rafaell Soler