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Prosa de véspera carnaval


A máscara caiu antes do primeiro dia de carnaval. Como vou curtir o bloco, cantar sem medo, encher a cara, me permitir de cara limpa? Vão notar que no canto dos olhos, mesmo no meio da avenida, descansa uma lágrima pronta pra despertar e terminar seu percurso rumo ao chão, mas antes ela me lembrará seu sabor e tocará minha pela numa tentativa frustrada, assim espero, de me ligar a você. Essa lágrima encostada, o derradeiro sinal de nós dois, vai cair no ultimo dia de carnaval onde eu já não estarei mais sentindo falta de máscaras e terei esquecido completamente a nossa canção.
Vou apanhar a minha fantasia empoeirada e vou vesti-la com o mesmo entusiasmo de antes quando o coração era livre de você. Vou brincar os quatro dias de Carnaval com a mesma vontade e alegria que reagem os cadáveres na véspera. Espero que na quart-feira você não passe de mortas cinzas ressaqueadas.

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