
Leram nos céus que não fomos feitos um pro outro... Como acreditar nesse destino quando as próprias estrelas me deram você?
Numa perdida madrugada de fevereiro ela chamou meu nome enquanto riscava o céu, me acordou, sorriu pra mim, me resgatou de uma ilusão, me propôs realidade... recitou versos lindos e depois de me trazer calafrios me trouxe pensamentos: “Por mais forte que fosse qualquer alma externa seria minha essência imutável”. - É hora de voltar a ser poeta e resgatar o coração. A voz ecoava enquanto no canto dos olhos escorreu uma gota de sentimento.
Que tipo de gente ouve estrelas? No início parecia ser um devaneio solto mais perdido que a própria noite que pintava aquele céu. Enquanto todos dormiam a única acordada era a minha loucura que ouvia estrelas enquanto eu, estranhamente, era alimentado de um prazer impar cada vez mais imerso em euforia. Agora a loucura me parecia o inverso. Depois de uns segundos ouvindo a voz sussurrada que me oferecia desejos a razão já não tinha tanta força dentro de mim e tudo ficou mais claro.
– Pede poeta, pede o mundo e o mundo e eu te darei. Volta a desejar tudo com o mesmo coração que costumava ir à pena; com o mesmo coração que transformava mortas folha em sentimentos vivos; com o mesmo coração que eternizou momentos, guardou lembranças...
Encarei a estrela com o mesmo olhar de quem tenta desvendar os segredos da alma e desejei calafrios, noites insones, pensamentos inquietos, sonhos loucos... desejei lábios macios, olhos brilhantes, sorriso largo e vicioso... desejei sentimento incontrolável, química perfeita, corpo sedento, noção perdida no tempo...desejei um coração maior que o peito, um amor maior que eu...
A estrela atendendo o meu desejo cadente me apresentou você pra que eu pudesse contrariar a leitura do destino que é bem maior que a palma das nossas mãos.