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Peça a pela


Peça a peça desfiz o nosso quebra cabeças até o ponto em que a imagem ficou tão incompleta que mal me vinham lembranças da paisagem por inteiro. Retirei foto a foto dos lindos e trabalhados portas retrato que haviam se tornado mais importantes que aquelas imagens “eternizadas” em papel. Deste modo só lancei à gaveta das tralhas passadas as amareladas imagens impressas de uma Sansug 10.1 mp já quebrada e ultrapassada.
Aos poucos fui substituindo velha vida por vida nova e em alguns meses a parede ganhou um largo sorriso enquadrado numa moldura ainda mais bela que a anterior. O sorriso era muito mais valioso que qualquer coisa ao seu redor, valia mil e uma molduras. Nunca pensei na possibilidade de não mais olhar mais as paredes enfeitadas, pra ser sincero, não via a hora de ganhar um novo enfeite os quatro cantos do interior do meu quarto. E que enfeite ganhou! Mais uma obra prima esculpida diretamente pelos deuses que não mediram esforços e não economizaram em caprichos e detalhes. Narciso deve ter sido o principal autor de tal obra. Um presente divino pro mundo um real regalo pro meu coração.
O cenário já era perfeito ou trazia em seu colo as imperfeições que ainda o fazia mais excitante. Só faltava um encontro certeiro com a mais letal das armas do filho de Vênus e pronto: O mundo voltaria a fazer total sentindo e a antiga vida gravada naquele quadro em mosaico não passaria de uma lembrança distorcida na mente de um eterno apaixonável mortal.

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