
Tinha naquele sorriso apostado o futuro
E hoje os mesmos lábios alegres
Desenhados com o mesmo traço seguro
Traziam um sentido distorcido
Os lindos e vivos olhos de antes
Estavam vagando mortos
Escondidos num Rosto
Apático de fantasma
Coadjuvando numa tentativa frustrada
De encenar o velho sorriso de sempre.
Tinha medo de enfrentar no presente
A linda e rara flor do amor finado
Que ao perder pétala por pétala
Repetia friamente numa música surda:
Mal te quer... mal te quer...
No mesmo compasso,
O coração em calafrios batia
E deixava de bater.
Vi o futuro reviver enquanto o passado
Perdia uma parcela do seu sentido original.
Ali, sorrindo pra mim
Enquanto recitava pro vento
Minhas experiências de amor
E meus desejos de eternidade
Não estava mais a quente alma que me inspirava
Estava vagando a minha frente
Um fantasma de sorriso forjado
Que me trazia lembranças embaçadas
De um distante e quase esquecido passado.
